"O amor é a força mais sutil do mundo." -- Mahatma Gandhi

segunda-feira, 17 de outubro de 2011



Num átimo   

"Houve um tempo em que servia-se..." 
Pensava eu absorta e, num átimo, trespassei quarentrilhões, 
como diria um primo meu que se exilou no imaginário. 
Mais fácil mensurar assim o que não sei.
Delírios! Mais fácil definir assim, 
para quem os ateste, não os possa contestar. 
Num átimo... Eu vi!

Vestindo um tecido rústico azul hortência,
levando na cesta o pão e o peixe que servia
movia-se mansamente entre os presentes, 
em trajes épicos como o dela
acomodados na gramínea esparsa,
reunidos para ouvir... Arrebatados! 
Um homem de cabelos ruivos encaracolados,
estático, parecia contemplar o céu.

Uma mecha longa de cabelos negros
desprendida do manto que os cobria,
a pele aveludada, os traços delicados,
os olhos escuros e expressivos
onde a nobreza da alma lhe aflorava, 
compunham uma beleza ímpar de mulher.
Jovem senhora, que olhou para mim sem estranheza,
mas como quem vê através de uma finíssima cortina.
Contudo, deixou transparecer que me sabia "forasteira" ali.

- Aceita uma fruta? 
Perguntou-me um jovem amigo tocando-me o braço
e, num átimo, "voltei". 
Uma emoção singular se afogueou dentro de mim. 
Estonteada, movi alguns passos... Maravilhada!
E continuei a ouvir... Parábolas! 

                             Isabel Pakes




Nenhum comentário:

Postar um comentário