Morávamos à beira-linha
e a nossa porta de entrada
grande e escancarada
deixava ver lá de fora
a nossa Árvore de Natal,
um galho enorme de cedrinho
“plantado” a um canto da sala -
- o ponteiro quase tocando o teto,
enfeitado de pingentes coloridos
e flocos de algodão,
e mais as luzinhas pisca-piscando
projetando nas paredes
uma linda sombra rendada
em cores que se alternavam,
e, em nós, ternura e fascinação.
Arte e esmero do nosso pai.
Saudade!
Naquela noite, lembro-me bem, revivo...
Com os olhos da memória
vejo o trem parando diante da nossa casa
e os passageiros se apinhando
nas janelas de um vagão;
e ouço as vozes de espanto em eufórica exclamação:
Vejam! Vejam lá, a Árvore de Natal!
Vejam, que linda! Que linda!
Surpresa, admiração, alegria!
Adultos, jovens e crianças,
pessoas desconhecidas
vindo, sabe-se lá de onde,
indo, sabe-se lá para onde,
ali, nos rejubilando!
Breves instantes de intensa emoção!
Mas, quando o trem deu a partida,
já éramos amigos fraternos
trocando acenos de despedida
e votos esfuziantes
de um Bom e Feliz Natal!
E vieram outros Natais
e mais outros e mais outros,
E é de novo... E eu não esqueço.
O trem da vida passando
e as luzinhas pisca-piscando
remetem-me sempre à lembrança
daquela Árvore de Natal.
Isabel Pakes
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