"O amor é a força mais sutil do mundo." -- Mahatma Gandhi

sexta-feira, 27 de maio de 2011



Embriaguez 


Tão instigante é o vinho
que sirvo-me do cálice com avidez
e fico assim, desarmada de mim:
o coração exposto - de amor incandescido,
a mente escancarada - o inconsciente abrindo a guarda,
a alma em catarse - entregue à alquimia do seu gosto.
E vou assim, sem sustos nem receios,
sem pressa, com gestos lassos.
Um pé na sorte outro no sonho,
e no trançar dos passos entrelaço a dualidade do caminho
indo ao encalço das meninas visionárias dos meus olhos
que se adiantam além do horizonte,
à luz nascente, refletindo-a em minha fronte. 

E se as palavras que borbulham em minha boca
são delírios, se extrapolam a razão,
onde estão os meus censores,
onde está quem me contenha?  
Eu, por mim, quero mais vinho,
me embeber, me emprenhar de sua essência,
permanecer assim
nesta minha lúcida loucura,
viver assim
sob o esplendor da aurora!  
Que a vida é vinha verdejante
às mãos do Vinhateiro num eterno frutear!
E o vinho generoso, borbulhante,
do cálice etéreo, inesgotável a transbordar!

                                      Isabel Pakes

Imagem Google

Um comentário:

  1. Eu que já era grande apreciador de vinho, agora sou ainda mais admirador do maravilhoso sabor que pude sentir ao ler esse poema (e nem estava bebendo o vinho...)
    Lindo!
    BJUUUS

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